5 de jul. de 2009

Quarto

Estou indo pro trabalho numa manhã que começou fria, mas já estava dando os sinais de que ia esquentar, e eu percebendo que, de novo havia errado a roupa. Droga! O tempo em São Paulo é assim quando você acha que tá dominando ele muda e te pega ou com pouca roupa ou com roupa demais, o que era o caso naquele dia. Já estava morrendo de raiva de mim mesma, também! Tinha previsto um dia frio e tava com cara de que ia dar máxima de 25 graus, que ódio!! A coisa que mais detesto na vida é acordar cedo e a segunda, andar carregada de coisas nas mãos. Nesse ritmo de pensamento e ainda atravessando a consolação já pensando em outras coisas escuto um: ÃÃÃÃÃÃÃAÃAAAAAHHHHHHHHHHHH !
Que é isso pensei voltando pra realidade e olhando pra traz, daí vi o cara, um sujeito bem pitoresco não consegui identificar que idade tinha, mas devia estar entre 30 e 40, caindo mais pros 40. Com bochechas grades e vermelhas, sinceramente a imagem que ficou na minha cabeça é a de um duende ajudante do papai Noel, daí ele disse:
_ Sou que nem criança... hehehe... Eu gosto de ser assim, sendo criança sempre a gente nunca tem problema de adulto... hehehe

Fiquei com isso na cabeça, e no fundo é verdade!

Todo mundo que me conhece concorda que Eu vou morrer adolescente, esse é um dos meus lemas.
E, juntando as duas coisas, é muito bom deixar o pensamento livre, dar risada quando tem vontade sem medo ou vergonha, pular numa piscina de bolinhas e dançar musica da Xuxa em festa de criança, comer muito sorvete, lambuzar a cara com manga...
Por outro lado também é muito bom ser adulto e ter o poder de decidir o que fazer da vida, pagar as próprias contas (pensando bem essa parte não é tão boa), não dar satisfações de suas decisões pessoais pra mais ninguém alem de você mesma, enfim viver a própria vida sem depender de mais ninguém além de você!
Então eu juntei o lado responsável e independente com o lado criança inconseqüente e resolvi ser adolescente!

Resolver nossas questões pessoais internamente é uma das coisas que considero mais importantes para uma vida mentalmente saudável. Tento trabalhar comigo sempre que aparece uma, e faço isto não só pensando com meus botões, mas visualizando a coisa como se fosse uma terceira pessoa.
A gente tem mania de criar situações que só acontecem na cabeça, antecipar movimentos mas na maior parte das vezes visualizamos o outro com reações nossas, porque esquecemos que os outros são outros.
Controlar a ansiedade e o medo e principalmente enfrentar estes sentimentos que, na minha opinião, são o que estraga a humanidade, é uma luta diária!
Eu sempre tomo como exemplo pra mim mesma a estória do macaco, vocês conhecem?

Um cara está na estrada, de noite e na chuva, falta pouco pra chegar em casa, quando fura um pneu!
_Ai que merda!
Grita ele sozinho dentro do carro, sai na chuva, abre o porta malas, e percebe que está sem um macaco...
_Eu joguei pedra na cruz!!!!
Perdido em sua raiva ele olha pro horizonte e percebe uma trilha que sai do acostamento e vai até uma casinha, uns 2 quilômetros mais ou menos mato adentro.
Bom não resta muito a fazer, trancar o carro e seguir pela estradinha, se lá na casa mora alguém, com certeza tem carro e se tem carro tem um macaco para me emprestar.
Peraí, e se for a casa de um maluco destes que sai atirando em intrusos? Não, imagina, tem uma cara tão bucólica, de vê ser algum sitiozinho destes, até vão me convidar pra um café, tenho certeza.
Mas e se o cara não quiser me emprestar o macaco? Mas ele não seria louco! Sou capaz de pegar o macaco e sair correndo, não, não, não seria possível as pessoas ainda são cordiais nesse mundo não são? Mas hoje em dia como o mundo tá ficando... ah! Se ele não quiser me emprestar ele que fique com o macaco dele quem precisa de um macaquinho sem vergonha? Eu vou é voltar pro meu carro ...
Nesse ponto o cara vê que está na porta da casinha e soca a porta, já está pocesso com o que veio pensando pelo caminho.
Um senhor abre a porta espantado e o cara grita na cara dele:
_ Quer saber pega esse macaco e ...
Vira as costas e sai pisando fundo.

Sempre que estou numa situação desse tipo me vem na cabeça a frase:
Lembra do cara do macaco!
É a hora de parar e começar a pensar tudo de novo mas dessa vez em terceira pessoa.